Verticalização Urbano-natural

Até onde podemos ir? Estranhamente, foi observando diversos montes de barro empilhados sobre certo nicho de um poste que eu parei para refletir. Tratava-se de “apartamentinhos” de João-de-barro. Certo, mas como é que um condomínio de aves em um poste nos leva a pensar sobre nossos limites? Foi nesse barro que eu vi o mais violento dos impactos ambientais.
As grossas e marrons casinhas de João-de-barro se destacam no nicho do poste fino e descolorado, aparecendo, para mim, como um esboço de uma humanização da natureza. O barro empilhado é um atentado desmedido de influência humana, um processo de verticalização somente visto nas grandes cidades. Joãozinhos-de-barro são, agora, condôminos de um prédio.
Certo, mas como é que um condomínio de aves em um poste nos leva a pensar sobre nossos limites? Parace que não são só as estradas, usinas e cidades que se incrustam no ambiente invadindo a bela paisagem pantaneira, mas também o alternativo modo de vida dos seres humanos.
Ricardo Janotti Cavalcante nº 29 8ª série C